Crer e saber no criticismo de Kant: O sentido da religião moral e a expansão do conhecimento

José Ivan Lopes, Lindomar Rocha Mota

Resumo


 O estudo buscará entender o crer e o saber no Criticismo kantiano, pois hipoteticamente é aceita a possibilidade de que há uma ampliação da inteligibilidade da razão, já que ela mesma se condiciona dentro dos limites que se dá.  Ainda que, primariamente, o crer se resuma em um instrumento para a moralidade, o avanço do Criticismo parece lhe proporcionar um novo campo de compreensão: a abertura ao transcendente.  Este livro se dividirá em três capítulos, a saber: a discussão dos elementos referencias da pesquisa, ou seja, crer e saber; a análise da relação dos conceitos de liberdade e de esperança como ideias iluminadoras do crer em Kant e, por fim a abordagem acerca do problema da moral com o foco na questão do ser e do dever ser.  No seu primeiro capítulo, encarregar-se-á de descrever, analisar e relacionar, a partir da crítica kantiana, os principais conceitos – religião, moral, história – considerados relevantes para a compreensão da crença, pois esta consiste no núcleo básico da pesquisa. A identificação do lugar da crença será de fundamental importância porque se pretende compreender os elementos teóricos que circunscrevem a razão na sua relação com os objetos do conhecimento. Para tanto se discutirá a estrutura do pensamento religioso e discorrerá acerca dos principais aspectos que caracterizam o ideal da religião kantiana. Por fim, se abordará o problema referente à extensão do saber, ou seja, da sua restrição e do seu alargamento, tomando como referência para esta última, a história e o sublime. O segundo capítulo objetivará discutir o problema acerca da liberdade e da esperança. Parte do princípio que a humanidade está submetida às leis da natureza e da liberdade, pois é constituída de indivíduos pensantes e por isso mesmo está fadada ao determinismo da natureza. O homem é capaz de perceber-se como causa dos fenômenos que existem no mundo, ou seja, compreende que a razão o torna livre e determinante e, por isso, possui algo que o difere dos animais, a sua liberdade transcendental. É nisso que ele se distingue particularmente dos outros indivíduos. O ser verdadeiramente livre agirá sempre orientado por uma lei moral que, ao fim, se identificará com a própria liberdade do ente racional. Neste capítulo o conceito de moralidade iluminará a discussão, pois ele parece corresponder a um dos elementos que melhor colabora para a análise da problemática acerca do crer, pois enquanto o conceito de saber se alarga, admite tanto a religião quanto a abertura ao Ser Supremo. Pretende-se discorrer ainda, neste capítulo, acerca da razão que parece se orientar por critérios moralmente legisladores, indicando o caminho da chamada boa conduta da vida.  Ao analisar o saber transcendental buscará a identificação do Ser Supremo, como legislador universal e inspirador do agir humano e ainda o seu significado para uma leitura mais consistente da questão em pauta.

 No terceiro capítulo, discutir-se-á o problema do dever ser à luz do Criticismo kantiano e o seu apontamento para o significado da religião moral. Mesmo que aparentemente a ideia de Deus seja um postulado fundamental, os deveres só possuem valor moral quando estão fundados no sujeito mesmo e não em algo heterônomo. A compreensão de religião que se apresenta para análise é fundamentada no saber e parece encontrar o seu sentido na racionalidade e não na transcendalidade. Embora o dever ser kantiano não transpareça precisar, em prol de si próprio, de nenhuma representação de fim que tenha de proceder a determinação da vontade, pode ser que mesmo assim tenha uma referência necessária a uma teleologia, sem a qual não há lugar para a determinação da vontade humana. Objetivar-se-á entender o dever ser para além de uma inclinação subjetiva, mas como um atributo dado pela razão.


Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.