Avaliação do consumo de ácido graxo ômega 3 em gestantes brasileiras: um estudo transversal

Antônia Celsa Fernandes da Rocha, Jorge Luis Pereira Cavalcante

Resumo


Objetivo: Avaliar o consumo do ácido graxo essencial ω3 em gestantes. Métodos: Estudo transversal, descritivo e quantitativo realizado com 90 gestantes de quatro Unidades Básicas de Saúde do município de Tianguá, Ceará, Brasil. Foram verificados o consumo dietético e o uso de suplementos à base de lipídios ω3. Os valores desses nutrientes foram estimados através de um questionário de frequência alimentar e pela tabela de composição química de alimentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As quantidades de ácidos graxos e suas fontes alimentares foram expostos em gramas e em percentuais nas tabelas e gráficos. Resultados: 70% das gestantes apresentaram consumo diário de ácidos graxos ω3 de acordo com o recomendado pelo Institute of Medicine. Observou-se também que 100% das gestantes não usavam qualquer suplemento de ω3 e nem ingeriam boas fontes dietéticas desse lipídio. Conclusão: As gestantes apresentaram uso dietético de ω3 de acordo com a recomendação internacional sem suplementação. O óleo de soja foi o alimento fonte desse ácido graxo ω3 mais consumido, justificado possivelmente pelo baixo custo e fácil acesso, fato não verificado no estudo. Condições socioeconômicas foram sugeridas por serem determinantes no não acesso pelas gestantes a boas fontes alimentares de ω3, como o salmão, o atum e o óleo de peixe. Sugere-se continuar a investigar e aprofundar outros aspectos presentes nas gestantes (físicos, antropométricos, dietéticos) e as ações desempenhadas pelo nutricionista durante o pré-natal, especialmente, na ingestão de ω3.

PALAVRAS-CHAVE: Ácidos graxos ômega-3; Ácido alfa-Linolênico; Gestantes; Consumo de Alimentos

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Objective: To evaluate the consumption of essential fatty acid ω3 in pregnant women. Methods: Cross-sectional, descriptive, and quantitative study conducted with 90 pregnant women out of four Basic Health Units in the city of Tianguá, Ceará, Brazil. Dietary intake and the use of fatty acid supplements based on ω3 lipids were verified. The values of these nutrients were estimated through a food frequency questionnaire and the food chemical composition table of the Brazilian Institute of Geography and Statistics. The amounts of fatty acids and their food sources were shown in grams and percentages in tables and graphs. Results: 70% of pregnant women had daily consumption of this family of essential fatty acids as recommended by the Institute of Medicine. It was also observed that 100% of pregnant women did not use any supplement of ω3 nor did they consume good dietary sources of this lipid. Conclusion: Pregnant women had dietary use of ω3 in accordance with the international recommendation without supplementation. Soybean oil was the most consumed source of this ω3 fatty acid, possibly justified by its low cost and easy access, a fact not verified in the study. Socioeconomic conditions were suggested because they are determinant in the lack of access by pregnant women to good food sources of ω3, like salmon, tuna, and fish oil. It is suggested to continue to investigate and deepen other aspects present in pregnant women (physical, anthropometric, dietary) and the actions performed by the nutritionist during prenatal care, especially in the intake of ω3.

KEYWORDS: Fatty acids; omega-3; Alpha-Linolenic Acid; Pregnant Women; Food Consumption


Palavras-chave


Ácido alfa-Linolênico. Gestantes. Consumo de Alimentos

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Revista Brasileira de Pesquisa em Ciências da Saúde - RBPeCS - ISSN: 2446-5577


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