EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO NA APTIDÃO AERÓBIA DE IDOSOS SAUDÁVEIS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Ilka Yolane Teixeira Passos de Andrade, Loumaíra Carvalho da Cruz, Alfredo Anderson Teixeira Araújo, Karoline Teixeira Passos de Andrade, Sérgio Rodrigues Moreira

Resumo


Resumo

Objetivo: Revisar sistematicamente os efeitos do treinamento resistido (TR) sobre a aptidão aeróbia de idosos saudáveis. Procedimentos metodológicos: Foi realizada busca nas bases de dados do Pubmed, Lilacs e Scielo, sem limite de data, com os seguintes descritores: "strength training”, “weight training”, "resistance training", "aerobic fitness", "aerobic power”, "VO2", "elderly",  and "older”. Dos 60 estudos inicialmente acessados, 51 foram excluídos por não atenderem aos critérios estabelecidos na presente revisão. Dos 9 estudos restantes, 4 foram selecionados a partir das referências de outras investigações, totalizando 13 estudos analisados. Síntese dos dados: Dos estudos analisados, 54% obtiveram resultados positivos em relação aos efeitos do TR na aptidão aeróbia de idosos saudáveis. Ao analisar o viés individual de cada estudo, foi possível verificar que, com exceção da randomização adequada, realizada em 91,6% dos estudos, outros critérios metodológicos não foram satisfatórios na totalidade dos estudos, entre eles a ocultação da alocação (8,3%), o cegamento de avaliados e pesquisadores (0%), o cegamento de avaliadores do desfecho (0%), a descrição de perdas e exclusões (62%) e a análise de intenção de tratar (53,8%). Conclusões: Estes resultados sugerem a necessidade de investigações que atendam aos critérios metodológicos supradescritos, visando fornecer resultados que permitam conclusões mais seguras. Embora ocorra falta de consenso na literatura, bem como os critérios metodológicos dos estudos analisados limitam possíveis conclusões, o TR parece desempenhar importante papel no incremento da aptidão aeróbia de idosos saudáveis.

Palavras-chave: Treinamento de Força; Capacidade Aeróbia; Envelhecimento.

 

Abstract

Objective: To review systematically the effects of resistance training (RT) on the aerobic fitness of healthy elderly. Methodological procedures: A search was performed in the Pubmed, Lilacs and Scielo databases, no date limit, with the following descriptors: "strength training", "weight training", "resistance training", "aerobic fitness", "aerobic power", "VO2", "elderly", and "older". Of the 60 studies initially accessed, 51 were excluded for not meeting the criteria set out in this review. Of the remaining 9 studies, 4 were selected from references from other investigations totaling 13 studies analyzed. Summary of the findings: Of the studies analyzed, 54% had positive results regarding the effects of TR in aerobic fitness of healthy elderly. Analyzing the individual bias of each study, we found that with the exception of randomization appropriate, carried out in 91.6% of the studies, other methodological criteria were not satisfactory in all studies, including the concealment of allocation (8.3%), the blinding evaluated and researchers (0%), blinding assessors outcome (0%), the description losses and deletions (62%) and the analysis of intention to treat (53.8%). Conclusions: These results suggest the need for research that meet the above methodological criteria, aiming at providing results that allow safer conclusions. Although it occurs lack of consensus in the literature as well as the methodological criteria of the studies analyzed limit possible conclusions, the TR may play an important role in increasing the aerobic fitness of healthy elderly.

Keywords: Strength Training; Aerobic capacity; Aging.

 

figshare DOI: 10.6084/m9.figshare.9788798


Texto completo:

PDF

Referências


Ades PA et al. Weight Training Improves Walking Endurance in Healthy Elderly Persons. Annals of Internal Medicine. 1996; 124(6): 568-572.

Antoniazzi RMC et al. Alteração do VO2máx de indivíduos com idades entre 50 e 70 anos, decorrente de um programa de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. 1999; 4(3).

Armstrong N. Aptidão aeróbica de crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria. 2006; 82(6): 406-408.

Artero EG et al. Effects of muscular strength on cardiovascular risk factors and prognosis. Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation and Prevention. 2012. 32(6): 351–358.

Assumpção CO et al. Efeito do treinamento de força periodizado sobre a composição corporal e aptidão física em mulheres idosas. Revista da Educação Física. 2008; 19(4): 581-590.

Berwanger O et al. Os Dez Mandamentos do Ensaio Clínico Randomizado – Princípios Para Avaliação Crítica da Literatura Médica. Revista Brasileira de Hipertensão. 2006; 13(1): 65-70. 2006.

Bishop D et al. The effects of strength training on endurance performance and muscle characteristics. Medicine & Science In Sports & Exercise. 1999; 31(6): 886-891.

Buzzachera F et al. Efeitos do treinamento de força com pesos livres sobre os componentes da aptidão funcional em mulheres idosas. Revista da Educação Física. 2008; 19(2): 195-203.

Cadore EL et al. Echo intensity is associated with skeletal muscle power and cardiovascular performance in elderly men. Experimental Gerontology. 2012; 47: 473-478.

Cadore EL et al. Effects of strength, endurance, and concurrent training on aerobic power and dynamic neuromuscular economy in elderly men. Journal of Strength and Conditioning Research. 2011; 25(3): 758-766.

Cadore EL et al. Physiological effects of concurrent training in elderly men. International Journal of Sports Medicine. 2010; 31(10): 689-697.

Campos ALP et al. Efeitos do treinamento concorrente sobre aspectos da saúde de idosas. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 2013; 15(4): 437-447.

Chodzko-Zajko WJ et al. American College Of Sports Medicine Position Stand. Exercise And Physical Activity For Older Adults. Medicine & Science In Sports & Exercise. 2009; 41(7): 1510-1530.

Chtara M et al. Effects Of Intra-session Concurrent Endurance And Strength Training Sequence On Aerobic Performance And Capacity. British Journal Of Sports Medicine. 2005; 39(8): 555–560.

Conley KE et al. Ageing, Muscle Properties And Maximal O2 Uptake Rate In Humans. Journal of Physiology. 2000; 526: 211-217.

Custodio, D. et al. Efeitos de Um Programa Contra Resistência com pesos sobre a força muscular. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. 2008; 2(12): 663-674.

Denadai BS. Avaliação Aeróbi: determinação indireta da resposta do lactatosanguíneo. Fleck, S.; Simão, R. Força – princípios metodológicos para o treinamento. Rio Claro: Motrix, 2000.

Denadai BS. Consumo Máximo De Oxigênio: Fatores Determinantes e Limitantes. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 1995; 1(1): 85-94.

Dias RMR, Gurjão ALD, Marucci MFN. Benefícios Do Treinamento com pesos para a aptidão física de idosos. Acta Fisiatr. 2006. 13(2): 90-95.

Eston R, Evans HJ. The validity of submaximal ratings of perceived exertion to predict one repetition maximum. J Sports Sci Med. 2009. 8(4): 567-573.

Fleck S, Simão R. Força – princípios metodológicos para o treinamento. Phorte, 2008.

Fleg JL et al. Accelerated longitudinal decline of aerobic capacity in healthy older adults. Circulation – Journal of the American Heart Association. 2005. 112(5): 674-682.

Frontera WR et al. O treinamento de força e determinantes do VO2max em homens mais velhos. Journal of Applied Physiology. 1990; 68(1): 329-333.

Gomes KMS et al. Benefícios do treinamento de força para diabéticos mellitus tipo 2. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. 2009. 3(18): 518-528.

Guido M et al. Efeitos de 24 semanas de treinamento resistido sobre índices da aptidão aeróbia de mulheres idosas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2010; 16(4): 259-263.

Hawkins MN et al. Maximal Oxygen Uptake as a ParametricMeasure of Cardiorespiratory Capacity. Medicine & Science In Sports & Exercise. 2003. 39(1): 103-107.

Haykowsky M et al. Effect of Exercise Training On Peak Aerobic Power, Left Ventricular Morphology, And Muscle Strength In Healthy Older Women. The Journals Of Gerontology. Series A, Biological Sciences And Medical Sciences. 2005; 60(3): 307–311.

Hepple RT et al. Quantitating The Capillary Supply And The Response To Resistance Training In Older Men. Pflugers Archiv European Journal Of Physiology. 1997; 433(3): 238–244.

Hepple RT et al. Resistance and aerobic training in older men: effects on VO2peak and the capillary supply to skeletal muscle. Journal of Applied Physiology. 1997; 82(4): 1305-1310.

Hickson RC et al. Potential for strength and endurance training to amplify endurance performance. Journal of Applied Physiology. 1988; 65(5): 2285-2290.

Hollenberg M et al. Longitudinal changes in aerobic capacity: implications for concepts of aging. Journal Of Gerontology. 2006; 61(8): 851-858.

Holviala J et al. Effects Of Combined Strength And Endurance Training On Treadmill Load Carrying Walking Performance In Aging Men. Journal of Strength and Conditioning Research. 2010; 24(6): 1584-1595.

Hunter GR, Mccarthy JP, Bamman MM. Effects of Resistance Training on Older Adults. Sports Medicine. 2004; 34(5): 329-348.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira – Rio de Janeiro, 2013.

Kanegusuku H et al. Strength and power training did not modify cardiovascular responses to aerobic exercise in elderly subjects. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. 2011; 44(9): 864-870.

Krause MP et al. Influência do nível de atividade física sobre a aptidão cardiorrespiratória em mulheres idosas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2007; 13(2).

Lemmer JT, Ivey FM, Ryan AS, Martel GF, Hurlbut DE, Metter JE, Fozard JL, Fleg JL, Hurley BF. Effect of strength training on resting metabolic rate and physical activity: age and gender comparisons. Med Sci Sports Exerc. 2001; 33(4): 532-41.

Lovell D et al. Leg Strength and the VO2máx of Older Men. International Journal of Sports Medicine. 2011; 32(4): 71-276.

Lovell DI, Cuneo R, Gass GC. Strength training improves submaximum cardiovascular performance in older men. Journal of Geriatric Physical Therapy. 2009; 32(3): 117-124.

Mcardle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do exercício: nutrição energia e desempenho humano. 7ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

Motta AM. Associação entre fenótipos musculares e variáveis da aptidão fíisica aeróbia em mulheres idosas. 2008. 79f. Dissertação (Mestre em Educação Física) – Universidade Católica de Brasília, Brasília.

Nakao M, Inoue Y, Murakami H. Longitudinal study of the effect of high intensity weight training on aerobic capacity. European Journal of Applied Physiology. 1994; 70(1): 20-25.

Oliveira RJ et al. Association between sarcopenia-related phenotypes and aerobic capacity indexes of older women. Journal of Sports Science and Medicine. 2009; 8(3): 337-343.

Phillips SM. Resistance exercise: good for more than just Grandma and Grandpa’s muscles. Applied Physiology, Nutrition, And Metabolism. 2007; 32(6): 1198-1205.

Pimentel AE et al. Greater rate of decline in maximal aerobic capacity with age in endurance-trained than in sedentary men. Journal of Applied Physiology. 2003; 94(6): 2406–2413.

Plentz RDM et al. Treinamento Muscular Inspiratório em Pacientes com Insuficiência Cardíaca: Metanálise de Estudos Randomizado. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2012; 99(2): 762-771.

Polito MD, Farinatti PTV. Comportamento da pressão arterial após exercícios contra-resistência: uma revisão sistemática sobre variáveis determinantes e possíveis mecanismos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2006; 12(6): 386-392.

Pollock ML, Vincent KR. Resistance training for health. The President’s Council on Physical Fitness and Sports Research Digest. 1996; 2(8).

Pollock ML et al. Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease benefits, rationale, safety, and prescription an advisory from the Committee on Exercise, Rehabilitation, and Prevention, Council on Clinical Cardiology, American Heart Association. Circulation – Journal of The American Heart Association. 2000; 101(7): 828-833.

Pollock ML et al. Twenty-year follow-up of Aerobic Power and Body Composition of Older Track Athletes. Journal of Applied Physiology. 1997; 82(5): 1508–1516.

Silva NL, Farinatti PTV. Influência de variáveis do treinamento contra-resistência sobre a força muscular de idosos: uma revisão sistemática com ênfase nas relações dose-resposta. Rev Bras Med Esporte. 2007; 13(1): 60-66.

Simões HG et al. Methods to identify the anaerobic threshold for type 2 diabetics and non-diabetic subjects. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2010; 94: 71-78.

Simões RA. Comparação das respostas cardiopulmonares agudas de mulheres submetidas a protocolos de treinamento de resistência muscular e de força máxima. 2010. 71f. Dissertação (Mestre em Educação Física) – Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba.

Soares I, Carneiro AVA. Análise de Intenção-de-Tratar em Ensaios Clínicos: Princípios e Importância Prática. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2002; 21(10): 1191-1198.

Souza RF. O Que é Estudo Clínico Randomizado? In: SIMPÓSIO: Planejamento e condução de estudos clínicos de alta evidência científica. Medicina. 2009; 42(1): 3-8.

Souza, TMF et al. Efeitos do treinamento de resistência de força com alto número de repetições no consumo máximo de oxigênio e limiar ventilatório de mulheres. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2008; 14(6): 513-517.

Strasser B et al. Efficacy of systematic endurance and resistance training on muscle strength and endurance performance in elderly adults - a randomized controlled trial. Wiener Klinische Wochenschrift. 2009; 121(23): 757-764.

Tsutsumi T. Physical fitness and psychological benefits of strength training in community dwelling older adults. Applied Human Science: Journal of Physiological Anthropology. 1997; 16(6): 257-266.

Umpierre D, Stein R. Efeitos Hemodinâmicos e Vasculares do Treinamento Resistido: Implicações na Doença Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2007; 89(4): 256-262.

Venckunas T, et al. Interval Running Training Improves Cognitive Flexibility and Aerobic Power of Young Healthy Adults. J Strength Cond Res. 2016 Feb 26. [Epub ahead of print]

Vincent KR et al. Improved cardiorespiratory endurance following 6 months of resistance exercise in elderly men and women. Archives of Internal Medicine. 2002; 162(6): 673-678.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


 

 

Revista Brasileira de Pesquisa em Ciências da Saúde - RBPeCS - ISSN: 2446-5577


Indexadores: