MATERNAGEM E SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: UM OLHAR AMPLIADO SOBRE O CUIDADO A PARTIR DA LENTE GESTÁLTICA (CURSO DE PSICOLOGIA)

Nicole Pereira, Jessé da Silva

Resumo


O consumo de substâncias psicoativas por mulheres que exercem sua maternagem é caracterizado por um alto índice gestacional e um fenômeno complexo, urgente e pouco abordado a partir de uma perspectiva focada nas potencialidades dessa figura feminina. Um tema cercado por diversos mitos e estigmas, onde essa mulher é frequentemente retratada como alguém incapaz de fornecer um cuidado adequado aos filhos, tendo sua maternagem marcada por termos como deficiência, fragilidade e negligência. Como consequência, há um impacto bastante expressivo na atuação dos profissionais de saúde e em políticas públicas apropriadas a esse perfil populacional. Quando se busca por uma interseção com a Gestalt-Terapia, os resultados são ainda mais limitados, o que pode ser explicado por uma cultura da Psicologia em manter as discussões voltadas para o âmbito clínico e individual. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo ampliar o olhar sobre o cuidado de mulheres que utilizam substâncias psicoativas em seus exercícios da maternagem a partir do diálogo com a Gestalt-Terapia. Para isso, propõe uma análise macro, abrangendo os aspectos sociais e históricos que perpassam pela temática da maternidade e do uso de drogas e utiliza, principalmente, três noções gestálticas, sendo elas: teoria de campo, contato e ajustamento criativo. Traz a suposição de que o uso de substâncias psicoativas não seria um fator determinante para a ausência do cuidado ou amor materno.

Palavras-chave: Cuidado. Gestalt-Terapia. Maternagem. Substâncias psicoativas.


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Referências


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