CRIANÇAS ADOTIVAS NA ESCOLA: NOVA CATEGORIA A DEMANDAR EDUCAÇÃO INCLUSIVA?

Carlos Felipe de Freitas Rossi, Tânia Maria de Freitas Rossi

Resumo


Este ensaio discute o processo de criação de uma nova categoria demandante de educação inclusiva: a criança adotiva. Tematiza se, na inserção da criança na dinâmica da aprendizagem formal, que ocorre, via de regra, ao longo da escolarização, o fato de serem adotivas constitui condição suficiente para justificar problemas escolares. Mostra que a escola incorpora um ideário e uma orientação prescritiva, como uma profecia autorealizadora de crenças e juízos de valor sobre a adoção e a maternidade/paternidade, geradores de relações conturbadas e problemas de ajustamento que deságuam, quase invariavelmente, em problemas escolares. A profecia é, entretanto, encoberta por uma retórica de acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças e de um esforço de equiparação de oportunidades de desenvolvimento da criança adotiva. Este movimento parece ser o resultado da internalização de concepções segregantes e segregadoras sobre a adoção, produzidas socialmente. Está em marcha a construção de uma narrativa cujo lastro está (1) na tentativa de resolução de um dado problema dos pais e (2) na construção de um sujeito adotado desde uma histórica perspectiva de vitimização, que coincide na forja de um sujeito que espelha e refrata, na aprendizagem escolar, o olhar do outro.

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