UMA LEITURA UTILITARISTA DO DIREITO PENAL MÍNIMO

João Paulo Orsini Martinelli

Resumo


O presente estudo tem por objetivo fazer uma leitura utilitarista do direito penal mínimo e demonstrar que a utilidade da norma deve resultar na maior proteção do bem jurídico com a menor restrição da liberdade individual. Considerando como suas principais funções a limitação do poder punitivo do Estado e a proteção de bens jurídico-penais, antes de ser punitivo, o direito penal é instrumento de garantias do cidadão. A filosofia utilitarista é importante para a análise critica da lei penal a partir do momento em que é classificada como racionalista. Os utilitaristas adotam o princípio da utilidade, segundo o qual o prazer e a ausência de dor são, de fato, desejados por todos os seres humanos e cada pessoa busca seu próprio prazer. Racionalismo é o método de pensamento que independe de experiências para se chegar a uma conclusão, pois o raciocínio lógico de uma ideia é o meio para atingir uma conclusão.  O direito penal, enquanto ciência normativa, não pode depender do empirismo: trabalha com normas e restrito a elas deve ficar para que suas conclusões sejam jurídicas. Para o utilitarismo, a essência de um comportamento é o resultado produzido. Uma conduta é avaliada por sua utilidade, isto é, seu saldo final. O utilitarista faz o cálculo de tudo que está envolvido num comportamento e para valorá-lo conforme seu saldo. O raciocínio utilitarista busca a conduta a ser evitada pelo direito penal com o fim de criminalizá-la. 


Palavras-chave


Direito Penal; Utilitarismo; intervenção mínima

Texto completo:

PDF pp. 36-59

Referências


ALEXANDER, Larry, MOORE, Michael. Deontological Ethics. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em . Acesso em: 06 ago. 2009.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão de segurança jurídica. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 1997.

ANGELES, Peter A. The Harper Collins Dictionary of Philosophy. Nova Iorque (EUA): HarperCollins. 1992.

BIERMAN, A. K. Life and morals, an introduction to ethics. Nova Iorque (EUA): Harcourt Brace Jovanovich. 1980

BLACKBURN, Simon. Oxford Dictionary of Philosophy. Nova Iorque (EUA): Oxford University Press. 2008. p. 375.

BRANDT, Richard B. The utilitarian theory of criminal punishment. In: ARTHUR, John (coord.) Morality and moral controversies: Readings In Moral, Social, And Political Philosophy. New Jersey (EUA): Prentice Hall. 1981.

BRONCANO RODRÍGUEZ, Fernando. Epistemología social y consenso en la ciência. Revista Hispanoamericana de Filosofía, Cidade do México (México), vol. 31, ago. 1991.

CHAN, Joseph. Philosophy and Public Affairs, vol. 29, n.º 1, 2000.

CRIMMINS, James E. Contending Interpretations of Bentham's Utilitarianism. Canadian Journal of Political Science / Revue canadienne de science politique, vol. 29, n.º 04, dez. 1996.

CRISP, Roger. Deontological ethics. In: HONDERICH, Ted (org.) The Oxford guide to philosophy. Oxford (Inglaterra): Oxford University Press. 2005. p. 200.

DIEGO FARRELL, Martín. Privacidad, autonomia y tolerancia. Buenos Aires (Argentina): Hammurabi. 2000

DRIVER, Julia. The History of Utilitarianism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2009.

DWORKIN, Gerald. Paternalism: some second thoughts. In: _____ (coord.) The Theory and Practice of Autonomy. Cambridge (Inglaterra), Nova Iorque (EUA): Cambridge. 1988. p. 122.

DWORKIN, Gerald. Positive and negative freedom. In: AUDI, Robert (org.) The Cambridge Dictionary of Philosophy. Cambrige (Inglaterra): Cambridge University Press. 2006. p. 723.

DZUR, Albert W. Liberal Perfectionism and Democratic Participation. Polity, Staten Island (EUA), vol. 30, n.º 04, 1998

FEINBERG, Joel. The forms and limits of utilitarianism. The Philosophical Review. The Philosophical Review. Pittisburgh (EUA), vol. 76, n.° 03, 1967. p. 373.

GALVÃO, Pedro. A teoria utilitarista de J.S. Mill: uma caracterização. Disponível em: . Acesso em: 04 ago. 2009; RIVERA LOPEZ, Eduardo. De la racionalidad a la razónabilidad: ¿Es posible una fundamentación epistemológica de una moral “política”? Revista Hispanoamericana de Filosofía, Cidade do México (México), vol. 29, n.º 86, ago. 1997.

GAUTHIER, David P. Morality and rational self-interest. New Jersey (Estados Unidos): Prentice Hall. 1970. pp. 03 e ss.

GRECO, Luis, TORTIMA, Fernanda Lara (trad. e org.). O bem jurídico como limitação do poder estatal de incriminar? Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2011

GOMES, Mariangela Gama de Magalhães. O princípio da proporcionalidade no direito penal. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2003.

HARE, R. M. Freedom and reason. London, Oxford (Inglaterra), New York (EUA): Oxford University Press. 1963. p. 118.

HOWARD-SNYDER, Frances. The Heart of Consequentialism. Philosophical Studies: An International Journal for Philosophy in the Analytic Tradition, Holanda, vol. 76, n.º 01, out. 1994.

KUHL, Kristian. Strafrecht, allgemeiner Teil. Munique (Alemanha): Vahlen. 2005

MARKIE, Peter. Rationalism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2010.

MILL, John Stuart. Utilitarianism. Indianapolis (EUA): Hackett Publishing Company. 2001

MIR PUIG, Santiago. Introducción a las bases del derecho penal. Montevideo: Editora B de F. 2ªed. 2003

MOORE, G. E. Ethics. Londres (Inglaterra): Oxford University Press. 1912.

NERI CASTAÑEDA, Hector. Acción abierta, utilidad y utilitarismo. Crítica: Revista Hispanoamericana de Filosofía, Cidade do México (México), vol. 03, n.º 9, set. 1969. p. 79.

OMAR SELEME, Hugo. ¿Puede el utilitarismo ser deontológico? Una respuesta a Kymlicka. Crítica: Revista Hispanoamericana de Filosofía, Cidade do México (México), vol. 36, n.º 107, ago. 2004.

PLAMENATZ, John. The English Utilitarians. Nova Iorque (EUA): Macmillan, 1949.

RACHELS, James. The elements os moral philosophy. Nova Iorque (EUA): Random House. 1986.

ROXIN, Claus. ROXIN, Claus. “Que comportamentos pode o Estado proibir sob ameaça de pena? Sobre a legitimação das proibições penais.” In: http://www.ielf.com.br/webs/ielfnova/cursos/pdf/lfg_que_comportamentos_roxin.pdf.

SINNOTT-ARMSTRONG, Walter. Consequentialism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: . Acesso em: 04 ago. 2009. _____. An Argument for Consequentialism. Philosophical Perspectives, Oxford (Inglaterra), vol. 6, Caderno Ethics,

SPARKS, Jared, EVERETT, Edward, LOWELL, James Russell. The North American Review, Boston (EUA), vol. 97, n.º 200, jul. 1863. p. 273.

SIMÕES, Mauro Cardoso. John Stuart Mill e a liberdade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2008. p. 25.

TAVARES DOS SANTOS, José Vicente. Violências e dilemas do controle social nas sociedades da “modernidade tardia”. São Paulo Em Perspectiva, São Paulo, vol. 18, n.° 01. 2004

WARNOCK, G. J. The object of morality. Londres (Inglaterra): Methuen Young Books. 1971.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2017 Revista Serviam Juris

Indexadores, Diretórios, Bases de Dados e Registros: