Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão a respeito dos desafios e possibilidades do trabalho com as questões de gênero em aulas de História do oitavo ano do ensino fundamental, a partir das experiências pedagógicas realizadas pela equipe participante do Programa Residência Pedagógica – núcleo História e Geografia – no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia (Cap-Eseba-UFU) entre os anos de 2022 e 2024. Diferente do que ocorre na maior parte das escolas brasileiras, a Proposta Curricular da Área de História do Cap-Eseba-UFU é estruturada por eixos temáticos, sendo que no oitavo ano, os estudantes precisam compreender dois deles: “Política” e “Relações de Gênero”. Essa característica do currículo permitiu que os/as residentes pudessem desenvolver propostas de intervenção em sala de aula comprometidas com a elucidação dos processos através dos quais foram construídos historicamente discursos normativos a respeito das masculinidades e das feminilidades e com a ampliação da visibilidade histórica de mulheres e minorias sexuais. Por outro lado, o trabalho com essas temáticas também encontrou dificuldades, dado o contexto atual de crescimento de campanhas antigênero empreendidas por grupos conservadores. Nesse cenário de disputas em torno de currículos escolares, pretende-se contribuir para o debate a respeito das possibilidades de resistência e de valorização de práticas pedagógicas voltadas para o enfrentamento das desigualdades, temáticas de suma importância para a formação docente na atualidade.
Referências
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