Fontes históricas em sala de aula: a mobilização de documentos para se pensar a condição feminina no Iluminismo

Naiara Stefani de Souza Rocha Cirqueira, Ana Laura de Castro Vieira

Resumo


Este trabalho objetiva relatar uma experiência, ocorrida no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia, através de um projeto desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar História/Geografia do Programa de Residência Pedagógica/CAPES, acerca da utilização e mobilização de fontes para promover reflexões e problematizações sobre o Movimento Iluminista do século XVIII, a partir de um recorte relacionado à história das mulheres. Busca-se, assim, apresentar algumas possibilidades e abordagens didáticas e historiográficas para se trabalhar um conteúdo comumente exposto na Educação Básica sob uma perspectiva falocêntrica. Compreendemos que as fontes históricas surgem como uma importante ferramenta para o professor e os estudantes, ampliando as possibilidades de conhecer e interpretar o passado. Neste sentido, propusemos uma sequência didática que se utiliza de obras filosóficas e literárias visando ampliar a compreensão dos/as estudantes a respeito da história das mulheres nos setecentos. Num primeiro momento, discutimos como Mary Astell, Catharine Macaulay e Mary Wollstonecraft participaram do debate iluminista, através da análise de excertos das obras The Christian Religion as Profess’d by a Daughter of the Church of England (1705), Letters on Education With Observations on Religious and Metaphysical Subjects (1778) e A Vindication of the Rights of Woman (1792). Em seguida, propusemos a discussão e análise de contos literários como A Bela e a Fera (1756), de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont e Chapeuzinho Vermelho (1697), de Charles Perrault. Tais documentos foram apresentados às turmas de oitavos anos à luz da história social, sendo inseridos na sociedade e no tempo, e não como um mero reflexo do real. 

Palavras-chave: Ensino de História. Mulheres. Iluminismo. Fontes históricas.



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