Interfaces entre cuidado e saúde mental: uma análise interseccional sobre a realidade de mulheres idosas do meio rural

Ana Paula Prigol, Cristina Fioreze, Patricia Ketzer

Resumo


As mulheres são mais vulneráveis a transtornos mentais, o que está associado às desvantagens a que estão expostas. Com base na perspectiva interseccional, o artigo articula gênero, faixa etária e território, identificando de que modo o cuidado se configura no contexto de vida de mulheres idosas do meio rural diagnosticadas com transtornos mentais comuns e como isso se relaciona com o sofrimento psíquico por elas vivenciado. Trata-se de pesquisa de campo, descritiva e qualitativa, desenvolvida em comunidade rural do Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa nove mulheres idosas da comunidade, com diagnóstico de depressão e/ou ansiedade. A coleta se deu através de grupo focal e foi realizada análise de conteúdo. Os resultados evidenciam o cuidado como central na vida das mulheres idosas, confundindo-se com seu lugar social e constituindo-se em elemento que costura suas relações familiares e de trabalho. Ele se expressa na responsabilização pelo bem-estar dos outros, podendo produzir preocupação excessiva e esgotamento. Essa responsabilização esbarra nas limitações próprias do envelhecer, gerando sofrimento. O cuidado aparece associado ao trabalho no campo, que no contexto rural se mescla com o trabalho doméstico, gerando invisibilidade e sobrecarga. 

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