Indicativos decoloniais nas histórias em quadrinhos: o conceito “parece coisa do Brasil”

Resumo

A trajetória das Histórias em Quadrinhos brasileiras no país foi fortemente influenciada por obras estrangeiras, que trouxeram mudanças tanto em sua visualidade quanto a abordagem. Parte dessas transformações pode ser compreendida dentro do conceito de colonialismo e decolonialismo. Este artigo parte de uma pesquisa exploratória e visa analisar os marcos visuais relacionando aos grandes produtores da nona arte no Brasil até o estabelecimento do Gibi como principal ponto de referência do que é um quadrinho que “parece coisa do Brasil” em uma obra nacional. Por meio de análises qualitativas para a seleção de obras, o critério para o recorte foram as produções de forte referência visual dentro de cada período das HQs brasileiras. O escopo foi posto em perspectiva diacrônica, buscando estabelecer os paradigmas visuais. Discute-se que estas obras brasileiras transitaram entre mimese euro-ocidentais, cópias de comics norte-americanas, obras de terror alternativas, charges em jornais, tendo como marco visual mais longevo o Gibi, fortemente vinculado à Turma da Mônica de Mauricio de Sousa. Percebeu-se nos quadrinhos independentes o rompimento com conceito de Gibi, posicionando-se em busca de um novo conceito de visualidade e abordagem para o “parecer coisa do Brasil” em uma obra nacional.