Da bioética ambiental à época do antropoceno: por que devemos “fazer parentes”?

Mateus Miguel Oliveira, Roberta Oliveira Lima

Resumo


Resumo: O presente artigo pretende situar a dimensão ética em relação à natureza, amparado nas considerações da ética ambiental e bioética global, visando fomentar o conceito de bioética ambiental. Somado a isso, a problemática se constitui na fundamentação de que a ética ocidental tradicional é antropocêntrica e, portanto, exclui de sua abrangência todas as espécies extra-humanas. Buscando elucidar fatores e ponderar soluções ao colapso da natureza, novas epistemologias surgem no sentido de superar o dualismo entre homem e natureza, bem como os modos de produção e organização sociais, destacando-se no século XXI o termo “Antropoceno”, que indica a hodierna época geológica terrestre acarretada pelas transformações humanas. Diante dessas premissas e por intermédio o método hipotético-dedutivo, com abordagem de pesquisa de natureza exploratória, objetiva-se demonstrar que, para romper o paradigma antropocêntrico, é preciso adotar novas perspectivas e práxis que reivindiquem, por exemplo, a promoção dos direitos morais próprios da natureza como um fim em si mesmo, conforme Hans Jonas, e uma nova parentalidade interespécies no “Chthuluceno”, como proposto por Donna Haraway.

 

Palavras-chave: ética ambiental; bioética global; bioética ambiental; Antropoceno; Chthuluceno.


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