Armanda Álvaro Alberto: auto/representações da/sobre a mulher, professora e signatária do manifesto dos pioneiros da Escola Nova (1932)

Maria Célia da Silva Gonçalves, Mariza Xavier Coutinho

Resumo


Resumo: O presente artigo tem por objetivo lançar luz sobre a vida da mulher, professora, feminista e signatária do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), Armanda Álvaro Alberto. Sobre esse manifesto que ora completa 90 anos, existe uma grande quantidade de produções científicas, dando visibilidade aos seus signatários, mormente para Fernando de Azevedo (redator) e Anísio Teixeira, entre outros. A saber, o documento foi assinado por 26 intelectuais, sendo apenas três do sexo feminino: Cecília Meireles, Noemy M. da Silveira e Armanda Álvaro Alberto, a personagem dessa pesquisa. No entanto, a historiografia é um pouco injusta com as mulheres, que muitas vezes são apenas citadas, ao passo que merecem maior visibilidade na História da Educação Brasileira. Esse fato é compreensível, uma vez que até nos dias de hoje as mulheres não conseguiram equidade com os homens tanto no social quanto no mundo do trabalho, dos negócios e da política. A atuação dessa mulher, professora nascida em classe média/alta, com formação na Europa, filha de médico sanitarista, extremamente influente na sociedade da época, é louvável. Principalmente pela sua luta na construção de uma escola mais próxima do cotidiano das classes operárias. Uma mulher muito à frente de seu tempo e ao mesmo tempo “fruto” desse tempo, um Brasil pós-proclamação da República, marcado pela desigualdade social, luta dos operários por leis trabalhistas, educação extremamente reacionária e elitista. Ela, assim como os outros signatários influenciados pelas ideias de Dewey, defendia uma Educação Nova, que fosse capaz de gerar cidadãos conscientes e participativos em uma sociedade democrática.  A história de vida de Armanda é marcada pela luta em prol da educação das classes menos abastadas e da emancipação das mulheres. Foi membro criadora e primeira presidente da União Feminina do Brasil. Pelo fato de estar à frente da União Feminina do Brasil e nutrir relações de proximidades com a Aliança Nacional Libertadora, sofreu denúncias, foi acusada e consequentemente presa sob a alegação de ser comunista e subversiva ao governo brasileiro. Mesmo da prisão ela continua mantendo contato e corrigindo os cadernos de seus alunos da escola criada por ela em Meriti (RJ).  Partindo dessas observações é que o presente trabalho buscará respostas para o seguinte questionamento: quem era essa mulher? Qual o seu lugar de fala? Qual a importância dessa mulher para a educação das mulheres de classes menos abastadas no Brasil? Por que a historiografia só há poucas décadas está lançando luz sobre essas intelectuais? Para a realização dessa pesquisa foi utilizado um livro de sua autoria (ALVARES,1968) e uma biografia escrita por uma ex-aluna de Armanda (LAZARONI, 2010).

 

Palavras-chave: Armanda Álvaro Alberto. Educação das Mulheres. Igualdade de Gênero na Educação.  Ideias Educacionais Progressistas

 


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