O papel dos professores no combate ao racismo no sistema prisional: uma breve revisão de literatura

Antônia Maria Paulina Barbosa

Resumo


Resumo: O presente artigo aborda a complexidade do sistema prisional contemporâneo, destacando as disparidades raciais e étnicas como uma questão crucial. Embasado em teóricos como Foucault (1989) e Wacquant(2001), o texto ressalta que as prisões não são apenas estruturas físicas, mas dispositivos de poder que moldam subjetividades e perpetuam desigualdades sociais. A incidência do racismo no sistema prisional é explorada, evidenciando a representação desproporcional de afrodescendentes nas prisões, conforme apontado por pesquisas. O conceito de racismo é discutido à luz da desvalorização, preconceito e rejeição ao outro, ampliando-se para além da questão racial. No contexto brasileiro, a superlotação nas prisões e as condições precárias exacerbam as disparidades raciais e sociais. O modelo prisional é criticado por perpetuar desigualdades e falhar na preparação dos detentos para a reinserção social, especialmente devido à falta de investimento em educação. A violência nas prisões, muitas vezes alimentada por organizações criminosas, compromete programas educacionais e de ressocialização. Brandão e Lagreca (2023) destacam o crescimento alarmante da população negra no sistema prisional brasileiro, evidenciando o racismo estrutural. O artigo se aportou na metodologia qualitativa, efetivanda por meio de uma revisão de literatura focada no papel dos professores no combate ao racismo no sistema prisional. Os objetivos incluem analisar as raízes históricas do racismo, avaliar práticas educacionais existentes e identificar estratégias para potencializar o impacto positivo dos professores na promoção da equidade racial. Destacando a necessidade de compreender e abordar o racismo sistêmico no sistema prisional brasileiro, visando contribuir para estratégias mais eficazes de combate ao racismo e promoção da justiça social. Por fim o texto ressalta a educação como ferramenta libertadora, capaz de desafiar estruturas opressivas e proporcionar oportunidades de transformação pessoal e social.

 

Palavras-chave: Racismo no sistema prisional. Educação em prisões. Impacto dos professores na ressocialização.

 

 


Texto completo:

PDF

Referências


ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. Tradução de Pedro Davoglio; Revisão técnica e notas Silvio Luiz de Almeida. São Paulo: Boitempo, 2017.

ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019

BRANDÃO, Juliana. LAGRECA, Amanda. O delito de ser negro – atravessamentos do racismo estrutural no sistema prisional brasileiro. In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, p. 308-319, 2023. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf. Acesso em: 28 de out.2023.

CABRAL, P. A EJA nos espaços de privação e restrição de liberdade: as apropriações das diretrizes da UNESCO no direcionamento do trabalho de professores (as). 397 f. 2019. Tese. (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.

Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial. (2018, 6 de agosto). Sistema carcerário brasileiro: negros e pobres na prisão. Disponível em https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao. Acesso em 10 de out. de 2023.

COELHO, Ellen Josy Araujo da Silva. Educação atrás das grades: a formação do professor da educação de jovens e adultos o qual atua no sistema penitenciário do Estado do Maranhão. 2017. 160f. Dissertação (Mestrado em Educação/CCSO) - Universidade Federal do Maranhão, São Luís .

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016,

Folha de São Paulo. A população prisional no Brasil bateu novo recorde e chegou a 832.295 pessoas no fim do ano passado. São Paulo, 20 de julho de 2023.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão.27. ed. Petrópolis: Vozes, 1987

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: GRUBHAS, 2003

GIROUX, Henry. Pedagogia crítica, Paulo Freire, e a coragem para ser político. Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 14, n. 01, p. 296- 306 jan./mar. 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/27356 Acesso em: 13 maio 2021.

» https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/27356

GONÇALVES, Maria Célia da Silva. Racismo In: SÍVERES, LUIZ; NODARE, Paulo

César (Orgs.). Dicionário de Cultura de Paz- Volume 2. Curitiba: CRV, 2021

GONÇALVES, M. C. da S..; SÍVERES, L.. A temática étnico-racial na formação de professores: um estudo de caso no curso de Pedagogia no Noroeste de Minas Gerais. Revista Educação e Políticas em Debate, [S. l.], v. 9, n. 3, p. 708–729, 2020. DOI: 10.14393/REPOD-v9n3a2020-57884. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/revistaeducaopoliticas/article/view/57884. Acesso em: 29 nov. 2023.

IRWIN, John. The Warehouse Prison: Disposal of the New Dangerous Class. Los Angeles, CA: Roxbury Publishing Co, 2005.

MENOTTI, C. C. O exercício da docência entre as grades: reflexões sobre a prática de educadores do sistema prisional do estado de São Paulo. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.

JULIÃO, Elionaldo Fernandes. A Ressocialização Através do Estudo e do Trabalho no Sistema Penitenciário Brasileiro. 2009. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009

MESA REDONDA: "Dez anos da Lei 10.639/03: balanços e perspectivas”com Nilma Lino GOMES (UFMG) e Petronilha B.Gonçalves SILVA (UFSCar), organizada no dia 19 de abril de 2013 pelo NAP Brasil África. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8WbLZOPcXUs.Acesso em 20 de jun. de 2020.

NAKAYAMA, A. R. O trabalho de professores/as em um espaço de privação de liberdade: necessidades de formação continuada. 226 f. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

KUCHNIR, Taís. Superlotação ou déficit de vagas no Sistema Prisional brasileiro?: uma análise das narrativas por trás das políticas penitenciárias. 2022. 95 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

RANGEL, H.. Estratégias sociais e educação prisional na Europa: visão de conjunto e reflexões. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, p. 81–93, jan. 2007.

SANTOS, Leonardo Moraes dos. A contribuição da educação escolar para ressocialização de adultos presos. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, 2009.

ONOFRE, E. M. C. Escola da prisão: espaço de construção da identidade do homem aprisionado? In: ONOFRE, E. M. C. (Org.). Educação escolar entre as grades. São Carlos: EdUFSCar, 2007. p. 11-28

VIEIRA, Rosângela Ribeiro dos Santos; GONÇALVES, Maria Célia da Silva. A implementação da Lei Federal nº 10.639/03: Um estudo sobre diversidade cultural em diversos espaços sociais e instituições escolares. Altus Ciência, [S.l.], v. 17, jan.-jul. 2023. ISSN 2318-4817. Disponível em: . DOI: 10.5281/zenodo.8066119439. Acesso em: 01/de nov.2023.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Tradução Ed André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.